Por que nossas ruas favorecem veículos em vez de pessoas

Nos últimos 100 anos, o Brasil criou leis, planos e obras com o objetivo de organizar suas cidades. Mas será que essa organização funcionou?

Hugo do Prado - Urbanus Brasil

5/26/20251 min read

Quando falamos em cidades para pessoas, muitos ainda imaginam que esse debate pertence apenas às grandes metrópoles. Mas basta caminhar pelas ruas de cidades médias e pequenas para perceber que os desafios urbanos estão por toda parte: praças pouco usadas, ruas sem vida, calçadas estreitas, muros altos, falta de espaços para brincar, conviver e se encontrar.

A cidade se fragmenta — e, junto com ela, a vida coletiva se esvazia.

  • Planejamos nossas cidades pensando prioritariamente nos carros. Abrimos avenidas largas, construímos viadutos e reservamos grandes áreas para estacionamentos. O resultado? Cidades fragmentadas e pessoas desconectadas.

  • Estabelecemos leis rígidas de zoneamento, definindo exatamente o que poderia existir em cada pedaço da cidade. Residências de um lado, comércio de outro, trabalho longe de casa. O resultado? Dependência extrema do automóvel e perda da vitalidade urbana.

  • Investimos em grandes conjuntos habitacionais, distantes, padronizados e isolados. Bairros projetados sem infraestrutura adequada, sem transporte eficiente e sem vida comunitária. O resultado? Crescimento da moradia informal e exclusão social.

Hoje, enfrentamos as consequências:

• O trânsito se tornou caótico e insustentável. • A habitação informal não parou de crescer, evidenciando a falência do modelo vigente. • A desigualdade urbana atingiu níveis alarmantes, ampliando ainda mais o abismo social.

Nada disso é coincidência.

Precisamos urgentemente repensar a cidade que queremos. Precisamos planejar para as pessoas, não para os carros. Precisamos de cidades integradas, acessíveis e inclusivas.

Afinal, cidades são feitas para conectar, não para separar.